Que debate?
17:33 | Author: Anderson Santos
Na edição desta semana do programa MTV Debate, apresentado pelo cantor Lobão, o assunto foi a mudança proposta nas últimas semanas pelo MEC em relação ao vestibular. Geralmente o programa traz representates com opiniões opostos ao tema a fim de se digkadiarem ao longo do horário. Se a intenção era esta, desta vez caiu-se num lugar "kardeciano", como disse o apresentador em um dos momentos.

Talvez por não conhecerem a União Nacional dos Estudantes (UNE) - afinal, quem que com menos de trinta anos a conhece? - a produção chamou a atual presidente, a gaúcha Lúcia Stumpf e o presidente da Ubes, sua versão em miniatura, para debaterem com o minsitro da Educação, Fernando Haddad. Além dele estavam um vestibulando, o coordenador de vestibular da Unicamp e um professor da Universidade de São Carlos.

Que debate esperar de pessoas que apoiam o atual presidente da República e que recebe verbas do governo para suas ações ao redor do Brasil? É o mesmo que acreditar que os deputados estaduais suplente que assumiram os mandatos dos taturanas em Alagoas fossem pedir a abertura de um processo para cassação de seus antes companheiros!

A Stumpf ficou o tempo todo dizendo que era um avanço, que os estudantes sempre foram os que não queriam o vestibular, que o importante agora era a assistência estudantil - única "luta" travada pela entidade - e só. Seu coleguinha da Ubes fazia o mesmo.

Mesmo assim, o ministro se saiu com um "nós retomamos a rubrica da assistência estudantil que há dez anos foi cancelada". Com a representate da UNE dizendo que foi por causa da pressão estudantil. Que pressão eles fizeram ao governo Lula?

Só duas pessoas se destacaram em meio a esse cansativo embate: o vestibulando, mais perdido do que tudo, que não afirmava nada com certeza e aind alevou algumas broncas do Lobão; e o coordenador de vestibular da Unicamp, que questionou algumas coisa sem relação ao "Novo Enem" por acreditar que o vestibular que organiza já é muito bom.

Nem mesmo quando o ministro falou orgulhoso sobre os 60 mil formandos através do Prouni, que nada mais é que um investimento de dinheiro público em instituições privadas, falou-se nada! Por que não ter investido esse dinheiro em universidades públicas?

Além disso, o representante da Ubes, Ismael (alguma coisa) afirmou a necessidade de se avaliar o aluno num processo seriado, uma vez por ano de Ensino Médio. Algo que já é feito em algumas universidades do país, a exemplo da Ufal.

PRAZO CURTO
O grande problema que vejo é mais uma vez a tentativa de chantagem realizada pelo Governo Federal para que as universidade aceitem o que querem. O projeto do "Novo Enem" foi apresentado em reunião do MEC com os reitores numa semana e o prazo para que eles respondessem era de três semanas.

No caso do Reuni, esse prazo foi de alguns meses e, mesmo assim, em algumas universidade, a exemplo de Alagoas, não houve discussão. A única forma de diálogo foi com a pancadaria da polícia.

Ah, igual ao Reuni, só que em proporções menores, há um incentivo financeiro para quem aceitar essa nova forma de vestibular, nem que seja como uma das fases seletivas. Há um incremento nas verbas da assistência social da ordem de R$ 400 mil reais por ano.

Afinal de contas, é na assistência social que a UNE atua e que esse processo será mais preocupante devido a uma das suas "novas" funções.

NACIONAL
Como o vestibular passaria a ser nacional, com um modelo único de provas, haverá a possibilidade de um estudante concorrer em cinco universidades diferentes. Assim um estudante de Alagoas poderia concorrer em São Paulo, por exemplo, sem precisar sair, agora, do seu Estado.

Porém, algo levantado por um telespectador que ligou para o programa, é bem maior a chance para que alguém do Sul e Sudeste passar em estados nordestinos que o inverso. Assim, manteria a relação de pessoas com pouca oportunidade de estudo nas regiões mais carentes do país.

Sobre isso, o ministro Haddad afirmou que a ideia do novo processo seletivo é fazer com que o Ensino Médio do país também seja unificado de forma agradável. Afinal, a partir de agora a concorrência pode ser melhor e, assim, na pressão, o nível da educação teria que melhorar.

Mas ministro, há tantas coisas que teriam de melhorar e não melhoram. Além disso, o problema da educação é básico. Gente que chega ao Ensino Médio sem ler e/ou contar direito.

CONCLUSÕES
Para variar quando o assunto é o Governo Lula, pouco se divulga à sociedade de concreto sobre determinadas ações que atingem locais primordiais.

Quem duvida que na Ufal, "mais democrática", não teremos novamente uma real discussão sobre esse ponto e teremos que ouvir: "ou aceitamos sem saber o que é ou o dinheiro vai embora"?
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2 comentários:

On 20/04/2009, 01:20 , Bruno MGR disse...

Essa proposta (mais uma!) do Governo em unificar o vestibular só corrobora a cara de pau com que cuidam da educação!

 
On 23/04/2009, 15:28 , Eli Magalhães disse...

O papel da UNE é cada vez mais ridículo. Recentemente fez uma manifestação pelo fim do vestibular. Cá pra nós... alguém tem que avisar a eles que é um insulto à inteligência da juventude brasileira dizer que trocar as provas de admissão das universidade pelo ENEM é acabar com o vestibular.

Até parece que o problema está na nomeclatura. Antes nós tínhamos o vestibular. Agora nós temos uma avaliação baseada no desempenho dos estudantes que fazem o ENEM, nos quais as melhores médias são selecionadas para preencherem as vagas nas melhores universidades.

ê lê lê...

ps.: o Lobão, como debatedor, é um ótimo cantor de rock e nada mais. Não consigo conceber como um artista da vertente dele pode ser tão conservador. Certa vez ele estava no Roda Viva e conseguiu ficar mais a direita do que os jornalistas do Correio Braziliense e da Folha de S. Paulo. Concordou com a antropologia liberal do Da Matta e ainda saiu pagando uma de intelectual chamando a esquerda brasileira de estatizante e retrógrada. Queria que ele precisasse passar na fila do SUS qualquer dia.