Na postagem passada, escrevi sobre o transporte público em Maceió e o seu reajuste, explanando também – em poucos pontos – os problemas que envolvem o comitê/movimento que tem se manifestado contra os aumentos tarifários nos últimos anos. Agora vou me debruçar numa crítica ao comitê deste ano, que em pouquíssimo tempo se esfacelou. E o que foi pior: sem conseguir realizar nenhum ato ou mobilização.

Os grupos políticos organizados e as entidades estudantis e sindicais que o compuseram foram essencialmente os mesmos dos últimos anos, com um ou outro acréscimo. Entretanto, sequer os tradicionais [e repetitivos] atos partindo do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas (Cepa) ao centro da cidade conseguiram ser viabilizados. Com um partido de esquerda na prefeitura de Maceió, o que acontecia até 2004, os atos públicos eram razoavelmente aglutinadores. Com a volta da direita tradicional ao poder municipal, as manifestações se enfraqueceram e até mesmo deixaram de existir. E tal factualidade desprovida do advento de uma repressão sistematizada por parte do aparato estatal.

O que deixa apenas uma saída para análise: não foi esta uma vitória da direita construída por ela própria em meio a um enfrentamento político-ideológico, mas sim uma derrota da esquerda para si própria! A esquerda não conseguiu sequer construir um movimento e o mesmo já morreu; houve um aborto com menos de um mês de gestação.

E o desgaste das fórmulas de ação prática do movimento foi o motivo principal para esse aborto. Vai-se até o Cepa e de lá se faz alguma atividade; ir até o colégio e não conseguir sucesso num ato “de massas” deixa-nos sem saber o que fazer. Só uma possibilidade de ação permeia o taticismo do movimento estudantil, e em 2009 ela se mostrou totalmente esgotada – isso agora não é mais teoria ou impressão subjetiva isolada, tornou-se fato concreto.

Isso foi abordado no texto anterior, escrito na segunda-feira. Mas quando me referi ao fato dos “grupos políticos não conseguirem formar uma unidade de ação por mais que um curto período” imaginava que esse período fosse de um ou dois meses. Ainda grafando que o desgaste era “catalizado em altíssima velocidade”, o mesmo ter consumido o atual comitê em 23 dias mostra que o pessimismo contido em minha analise estava errado: era necessário um quantum maior de desconfiança, era necessário ser mais pessimista ainda!

Na manhã da última quarta-feira (28), quando estava marcado um ato público que sairia da Praça dos Martírios até a Câmara Municipal – e o mesmo não foi desmarcado até o seu momento! – ninguém compareceu. Para não dizer ninguém, foram ao ato três pessoas. Entre elas, estava eu.

Não existiam militantes, carros de som, bandeiras, panfletos, faixas ou cartazes. Havia apenas uma convocatória para o ato, que foi divulgada, e mais nada. Um ônus político que tem de ser avaliado, pois se uma brincadeira de mau gosto dessas – convocar atos fantasmas – cai na moda, como vai ficar a credibilidade do movimento?

Falava-se muito em uma possível cisão do comitê antes de seu final, operacionalizada pelo Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), o qual propunha ações mais ousadas/radicalizadas, porém sem uma base social condizente para o protagonismo de tais atividades. Em suma: propostas sem viabilidade política satisfatória, que apenas gerariam desgastes e má-propaganda do movimento perante a sociedade.

Mas é o MEPR que menos merece críticas ao final do comitê, pois apesar de todas as inadequações do mesmo à dinâmica coletiva (atuar em unidade com os atores políticos envolvidos), este movimento não poderá ser acusado de abandono desta luta no momento atual. Eles organizaram, junto com o Movimento Punk Alagoano (MPAL) e a União da Juventude Comunista (UJC), um ato em substituição ao que não ocorreu, saindo em passeata pelas ruas do centro com cerca de 50 estudantes.

Um número irrisório e um itinerário pequeno: da Praça Sinimbu até a Praça Deodoro, passando pelo Palácio do Governo e pela Prefeitura Municipal. De fato, essa passeata, que teve de ser protegida por policiais para acontecer, foi a única que houve em protesto ao aumento de 11,11% na tarifa dos ônibus maceioenses. E se ela serviu para alguma coisa, foi para mostrar ao MEPR – que tinha a intenção de “radicalizar” o protesto com o apedrejamento de um ônibus vazio – o quão difícil é viabilizar suas próprias propostas sem arcar com um ônus político e material estratosférico. Por perceberem tal fato a radicalização ficou só no discurso.

Cabe fazer uma crítica e um questionamento aos demais construtores do comitê, que sequer apareceram na quarta-feira. Por parte do Partido Comunista Revolucionário (PCR), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) fica a clara impressão que – prevendo a pequenez do segundo ato, em decorrência do insucesso do primeiro – nenhuma das três forças políticas quis se fazer presente pelo fato de que não seria possível nenhuma autoconstrução a partir das manifestações do comitê.

E sem uma boa propagandeação de suas bandeiras, ideologias e parlamentares para outros, pra que lutar? Foi esse o raciocínio pobre e mecanicista que os três partidos adotaram. O PSOL tinha a intenção escancarada de alçar à níveis publicitários mais elevados o nome do vereador Ricardo Barbosa. PCR e PSTU, que buscam dentro da juventude novos militantes, abdicaram da luta por não ver esses novos quadros dentro de um movimento reduzido. Assim, no maior dos cinismos, ninguém de nenhum desses três partidos compareceu num ato agendado por eles próprios. E é impossível sustentar a tese – caso se queira usar dessa desculpa – de que todas as pessoas, de todos estes partidos, estavam inviabilizadas de comparecer ao ato por motivo de força maior. Se estavam, então por qual motivo enviaram convocatórias para listas de discussão de domínio público?

Construir-se enquanto força política ou partido em meio a um movimento é legítimo. Não condeno tal prática. Mas colocar a necessidade de autoconstrução acima da própria luta – como foi feito por PCR, PSOL e PSTU – é uma inversão de valores imperdoável.

Um terceiro grupo também merece citação: o Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (CAZP). Presente em todos os comitês anteriormente existentes desde que fora fundado, em 2002, o CAZP esteve ausente da reunião de fundação do atual comitê, mas compareceu no ato do dia 14, em frente ao Cepa. O motivo da ausência do CAZP no ato do dia 28 não foi a “inversão de valores” imputada aos partidos políticos citados no parágrafo anterior, já que dentro deste Coletivo existe um purismo que os inibe a seguir tal prática: o que de fato é muito bom e merece ser elogiado, nesta situação. Mas esse mesmo purismo os levou ao sectarismo de avaliar o comitê como seguidor de uma política em equívoco e abandoná-lo sem nenhuma explicação, sem nenhuma “carta de despedida” que fundamentasse as críticas que o CAZP possui, o que dá a entender que nem eles mesmos sabem o que criticar, apenas não queriam participar de um espaço onde haja partido político envolvido.

E que fique claro: o sectarismo não foi a avaliação que fizeram do comitê, provavelmente muito próxima da minha, mas sim o abandono do mesmo.

Tão ruim quanto o sectarismo é a partidofobia do CAZP, que já havia sido denotada em outros momentos, como por exemplo quando se desligou do grupo Além do Mito tomando como ponto de partida para a “dissidência” uma polêmica entre formar ou não uma chapa pró-DCE-Ufal em conjunto com o PSTU. Partidos políticos são organizações legítimas, ferramentas que – se bem utilizadas – podem vir a ser úteis para a classe trabalhadora. Por qual motivo ser contra a organização partidária? Por defender o voto nulo em eleições? Resposta insuficiente do anarquismo organizado para a questão!

O CAZP não sabe responder as interrogações que surgem em sua frente, prefere se isolar em um cubo de cristal e fingir ser “a mais pura das virgens”, inviolável, sempre coerente com seus princípios. Talvez por isso continue tão insignificante como organização política: não dialoga com ninguém, não constrói nada e não tem fundamentos para suas atitudes sectárias.

O sumiço desses atores do último ato reforça um ponto do texto anterior, quando falei que o movimento estava “mais preocupado com egos do que com a luta em si”. Alguns com necessidades de autoconstrução, outro com necessidade de sentir-se como um paladino comunista.

De fato, onde está a saída? O que fazer?

A resposta para como enfrentar os aumentos de passagem de ônibus; lutar pelo passe-livre estudantil e para desempregados; conseguir melhorias e aumento da frota em circulação; viabilizar terminais de integração e formas alternativas de transporte; ampliar a meia-passagem para toda a população em finais de semanas e feriados; dentre outras reivindicações é impossível de se buscar no atual quadro, a menos que se queira dizer que nada disso é possível em Maceió (o que seria um falseamento do real).

Essa resposta se trata do produto de duas equações: 1) como o poder municipal vai manter a atual política de aumento tarifário e manutenção de um serviço precarizado que gera insatisfações dos usuários; e 2) como a oposição (de esquerda, já que a de centro e centro-esquerda seguem plataformas muito voláteis) vai se organizar para enfrentar o poder municipal, estando nele quem estiver, e trazer para o seu lado o público que utiliza o transporte coletivo maceioense e está em desgosto com a qualidade e o valor do mesmo.

Avaliando a perspectiva do trabalho, que é o lado do qual me coloco, observemos simulações para a segunda equação.

A única saída para uma reconstrução da luta contra o poder municipal e os empresários do setor é o reordenamento da esquerda em uma frente permanente de luta pelo transporte público acessível e de qualidade. Esta frente deve congregar dentro de si movimentos estudantis, sindicais e sociais, de modo que todos lutem por um objetivo único e indivisível, sem colocar em evidência prioritária no debate os próprios egos ou as preocupações entre quem veste a camisa mais ou menos vermelha.

A luta por um transporte público de qualidade e por um baixo preço se coloca como uma reivindicação meramente reformista, dentro do âmbito e lógica do capital, inexistindo – portanto – a necessidade de maiores atritos ideológicos que venham a destruir tantas vezes a organicidade do comitê. É uma questão de maturidade.

Uma frente nesses moldes deveria organizar-se desde já, mantendo reuniões periódicas; promovendo debates em bairros populares; lançando materiais de propaganda e agitação; formulando reivindicações e propostas para a viabilização das mesmas etc. Só assim, começando o movimento do início – e não de seu auge! – é que podemos ser consequentes para, num momento de novo reajuste, estarmos aptos a atuar contra ele, com uma base informada e mobilizada para as manifestações, deixando de lado o espontaneísmo do qual vem se alimentando o movimento até então.

As primeiras reuniões dessa frente/comitê, caso ela nasça, certamente serão esvaziadas e diminutas, devido a hecatombe que o último comitê deixou no movimento. Somente com o tempo e o firmamento de uma construção prática coletiva, a qual dê garantias de que o espaço estará aberto a todos os que quiserem lutar, é que tal iniciativa pode começar a dar seus primeiros frutos. Não creio em outra solução. Apenas o lançamento dessa semente pode evitar que os fiascos dos últimos anos se repitam em 2010, 2011, 2012...

É possível que mesmo mobilizado a partir de agora este novo modelo de comitê não consiga êxito e não barre o próximo aumento, mas indubitavelmente que ele seria muito mais forte que qualquer um dos últimos sete anos.

Resta uma coisa a saber: qual organização terá a coragem e a responsabilidade de redigir uma convocatória para essa frente permanente após os últimos acontecimentos?

Post-Scriptum: No segundo parágrafo do texto existe uma generalização que carece de esclarecimento. Quando falo que os protestos contra os aumentos foram maiores com um partido de esquerda que com a direita no poder municipal – tendo a esquerda reajustado a tarifa em R$0,90 num período de 114 meses e o atual Prefeito elevado a mesma em R$0,75 em 49 meses – não estou, contudo, querendo resumir a potencialidade das manifestações e ações do movimento perante as tendências políticas de quem está na Prefeitura Municipal. Isso seria uma forma de delimitar toda a centralidade do movimento na esfera política, visão a qual não defendo.

Estou querendo, somente e sem maiores pretensões, exemplificar o ativismo do movimento local nestas duas formas de governo, como forma de contraposição ao que se vê em âmbito nacional com o Governo Lula (imaginando que os leitores do blog teriam tal pré-requisito numa leitura implícita), quando se deu exatamente o inverso – basta ver a reorganização [e a necessidade da mesma!] dos movimentos estudantil e sindical, em curso desde 2004.

Para explicar essa questão decentemente, contudo, seria necessário um outro texto, que frisa-se uma análise de conjuntura contemporânea, do neoliberalismo chegando ao Brasil no Governo Collor até o ano de 2005, quando o escândalo do Mensalão escancara as contradições (que já eram conhecidas nos meios acadêmicos) do Partido dos Trabalhadores.
Ontem eu vendo o Jornal Nacional (JN), na verdade escutando pois estava de costas para a TV (e de frente para o PC), vi o quanto o JN se preocupava em fortalecer todo o discurso imperialista pró-Obama, e destacava algumas notícias sobre a crise, depois disso, um pouco mais tarde no Jornal da Globo, o grandioso comentarista de economia desse telejornal versava também sobre a mesma... Um preparando a bomba que o outro ia soltar, no lombo dos milhares de trabalhadores demitidos!

O debate ideológico que já é preparado há tempos, agora vai ganhar mais força do que o normal, querem nos fazer entender que as férias coletivas, o processo de redução de salários e direitos, assim como as demissões são mais do que normais!

Veja que primeiro vem a notícia, dezembro foi o pior mês falando em demissões só em São Paulo foram cerca de 130.000 demitidos, agora se espera nos EUA e na Europa mais de 80.000 demitidos além dos que já foram. Todas as gigantes multinacionais estão demitindo, o último grande anúncio de demissões foi da Microsoft vai ser responsável pela demissão de 5.000 operários.

No Jornal da Globo, o comentarista de economia Carlos Alberto Sardemberg, começa falando que as empresas não gostam de demitir, pois elas planejam uma estrutura e querem trabalhar sobre esse planejamento. Por isso que primeiro vem propostas como o Banco de Horas, depois férias coletivas e em último caso... demissões!!!

Ou seja, nas costas dos trabalhadores, é que devemos jogar tudo!

O absurdo é querem fazer parecer que tudo isso é normal, agora se esquecem dos anos de crescimento da economia, de todo o lucro que os patrões das indústrias e os banqueiros tiveram durante toda essa fase, que a Vale, tem uma valor hoje muito maior do que foi comprada, que as montadoras lucraram como nunca, tanto que expandiram várias fábricas e foram pras mais diversas regiões do país, enfim, de todo o lucro EXPROPRIADO do trabalho dos operários, e mesmo assim em São José dos Campos, à época em que a GM lançou a proposta de Banco de Horas, disseram que era pra garantir mais 600 empregos na cidade, e agora me vêm 130.000 demitidos nesse estado!

A indústria metalúrgica no Brasil, praticamente parou no fim do ano, teve momentos que quase 50% dos operários metalúrgicos brasileiros estavam em casa de férias coletivas, agora a demissão massiva, antes disso o Governo Lula junto com o Governo Serra fizeram a mísera doação de 8 bilhões pras montadoras, essas mesmas que enviaram uma remessa de lucros muito superior à essa quantia para suas matrizes nos EUA, Europa e Japão.

O que parece ser normal, não tem nada de normal, na verdade em todo esse furacão sócio-econômico que temos vivido desde o final de 2007, a única coisa normal que existe é a própria crise, isso os comentaristas de economia das grandes emissoras de TV e dos jornalões da grande imprensa, esquecem de afirmar!
E aí! Agora que vocês conseguiram "dar uns pega", resta ser maquiavélico o suficiente para não deixar o broto ir embora. Fontes confiáveis afirmaram que Shu esta louca de amor após declarações vindas de alguém que prefere manter sua identidade oculta. Saulo Theotônio, após ler a primeira parte do guia mandou o seguinte comentário no msn "sexo oposto, lá vou eu!".

Caso queira encaminhar o relacionamento para um namoro:

Na minha opinião homens só deveriam namorar após os 22 anos, quando os amigos o procuram para jogar video-game ou para ir para festas ele não pode porque tá "encangado". Se você possue mais de 22 continue lendo, se não possue vá jogar video-game. O segredo para um bom início de namoro é tentar não se ver muito, marquem reuniões diferentes no mesmo horário, enquanto você vai para o grupo "agrorevoluciosocioeconomico" discutir as leis mundiais do mundo todo, mande seu caso para o coletivo "ecosocialfeministadosetimodia" debater a flexibilidade do rabo da largatixa e suas consequências num mundo dito globalizado.

Essa é a última parte do guia, se precisarem de mais dicas sugiro que ressuscitem num corpo mais bonito porque tem que ser feio demais para não pegar alguém com essas dicas. Treinem e postem os resultados. Não esqueçam do que tio Lênin falou "Sem teoria revolucionária, não há pratica revolucionária".
O transporte público de Maceió sofreu novo reajuste tarifário no último dia 4, passando de R$1,80 para R$2,00. O que já era um valor elevado – levando-se em conta para tal mensuração: 1) o tamanho da cidade; 2) a qualidade e quantidade da frota; 3) a falta de terminais de integração (gerando a necessidade de se pegar mais de uma condução) e de formas alternativas de transporte e locomoção (exemplos: metrô e ciclovias); e 4) a condição sócio-econômica da população consumidora do serviço – ficou 11% mais caro.

Entre as 27 capitais brasileiras (incluindo o Distrito Federal), Maceió tem a 12ª tarifa mais elevada (dados coletados em 12 de janeiro). Mas como é possível para a população pagar o 12º valor mais alto quando, de acordo com os últimos números do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicados em 2005, estamos em 27º entre 27 concorrentes?


No IDH específico para renda – já que o índice avalia como critérios educação, expectativa média de vida e renda anual per capita – estamos em penúltimo, acima apenas de São Luís-MA (0,589 x 0,570). Fica aí mais uma questão – a meu ver, a principal! – para questionar o valor da tarifa maceioense.

Dos 30 dias do mês, tiramos oito como sábados e domingos. Restam 22 dias úteis. Para um trabalhador deslocar-se ao emprego e voltar para sua casa o custo sai por R$4,00. Nos 22 dias do mês, tal custo atinge o valor de R$88,00. Como o salário mínimo hoje é de R$415,00 (passará a R$464,72 em 1º de abril), a passagem de ônibus maceioense consome 21,21% da remuneração mensal de um empregado comum apenas de deslocamento ao posto de trabalho, um percentual nada insignificante.


Não é a toa que a evasão escolar e o número de ciclistas (inclusive de ciclistas mortos) aumentam a cada elevação de tarifa: a população, que já possui muito pouco para sua subsistência, fica sem condições de pagar o reajuste. E os efeitos disso são percebidos a curto e longo prazo, seja com o aumento da criminalidade nas periferias, seja com a não consecução de uma escolaridade básica pelas classes subalternas – fator que virá a influir de modo negativo e determinante na divisão social do trabalho para milhares de indivíduos.

De fato, o transporte público deixar de ser um serviço/direito básico e fundamental para se tornar um inibidor da socialidade e do desenvolvimento social perpassa por uma total inversão de valores e prioridades. Em muitos países o transporte público é subsidiado e gratuito, pelo fato do deslocamento eficaz da força-de-trabalho e dos consumidores ser positivo e essencial para a vida da indústria e do comércio. No Brasil, contudo, o capitalismo se estruturou de modo mais perverso (numa vertente de capitalismo colonial) e essa positividade não foi aplicada.

Para velar esse problema e justificar o alto valor, já chegaram a veicular na televisão propagandas do setor de transporte público baseadas em falseamentos da realidade descomunais, como que o deslocamento da classe média que possui direito de meia-entrada é pago pela população pobre com a necessidade dos empresários em se aumentar a tarifa.

Sem dúvidas, um engodo. A meia-entrada é um direito concedido pelo Decreto nº 37.154, de 15 de maio de 1997, portanto faz parte de uma normatização jurídica legal. A meia-entrada, como versa o Decreto, não é uma entrada inteira, portanto não concede aos empresários do setor o direito de embutir a metade não paga pelos estudantes na conta de quem já paga a tarifa em sua totalidade. O mesmo argumento serve para as gratuidades concedidas por Lei aos idosos, deficientes, gestantes, algumas categorias de servidores públicos etc.

A falta de um movimento sindical organizado para confrontar tais abusos chega a ser anacrônica, pois esta é sim uma pauta de interesse da classe trabalhadora como um todo: um transporte público de qualidade e acessível para todos. Quem mais utiliza o transporte coletivo são justamente os trabalhadores.

Com esse desfalque, contemporaneamente foi o movimento estudantil quem assumiu para si a pauta e passou a empreender lutas nos últimos anos contra o aumento da tarifa e pela transformação da meia-entrada em passe-livre estudantil.

Mas a lacuna deixada pelos sindicatos está sendo muito mal preenchida pelas entidades estudantis, tanto por limitações políticas quanto financeiras. Para citar alguns dos motivos que levaram aos insucessos na viabilização das reivindicações nos últimos anos:

1. Os atos se tornaram mobilizações cíclicas e viciadas

Não existem outras alternativas diferentes em relação a mobilizar estudantes no Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas (Cepa) para empreender uma passeata até o centro da cidade e – depois de algumas horas – ver a manifestação esvair-se, no maior dos voluntarismos.

E essa d
esertificação de possibilidades de ação não se dá por acaso: o trabalho de base para elucidar a população da necessidade de se lutar por um transporte melhor e mais barato inexiste.

O movimento nunca mobiliza base nenhuma, nunca começa do início do processo, mas sim do seu auge, convocando um ato público de massa – que tem ficado cada vez menor com o passar dos anos, demonstrando o desgaste – como se estivesse preparado para isso. O movimento elimina etapas políticas e cai num taticismo que levou a uma impossibilidade qualquer ação efetiva nos períodos em que o Cepa encontra-se de férias.

2. A organização para a luta só se dá nas vésperas ou pouco depois do reajuste tarifário

Aqui se encontra um imediatismo barato. Só se pugna por um transporte público de qualidade ou pelo passe-livre quanto o aumento é ou está para ser aprovado. Mesmo sabendo que no final do ano isso acontecerá, não há nenhuma mobilização ou reunião para planejamento prévia.

Como falei anteriormente, o movimento estudantil tem limitações políticas para intervir nesta pauta. A começar pela sua volatilidade: só se é estudante por um período curto da vida. Depois, por sua centralidade política estar mais aproximada da luta pela educação pública de qualidade, mesmo que o acesso à escola seja parte da luta pela educação, tornam-se mais volumosos no movimento os debates acerca de políticas educacionais do que sobre os transportes coletivos.

É mais comum ver o movimento estudantil empenhado em organizar um encontro que vai servir para nada ou muito pouco, como os muitos que as executivas nacionais de curso realizam (posso usar o Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação Social – Enecom – como exemplo), que vê-lo mobilizando estudantes para lutar por um transporte público de qualidade.

Por isso, depois de duas ou três ações públicas (des)coordenadas que os comitês contra o aumento da passagem e pelo passe-livre realizam em Maceió, tudo se desfaz. O combustível queima muito rápido. E o mesmo ciclo é repetido no ano seguinte, pelos mesmos atores, como um déjà vu.

3. As políticas propostas são repetitivas e ineficientes

Atos do Cepa ao centro. Queima de pneus durante o percurso. Pulas-catracas em alguns poucos ônibus. Entrega de pauta na Prefeitura. E nada mais.

Dentro desse mecanismo viciado, tanto o/a Prefeito/a quanto os empresários do setor já sabem como atuar para aumentarem o valor da passagem e – ao invés de se desgastarem – criminalizar o movimento, como aconteceu em 2001 e 2004.

No lado oposto disso, o movimento não consegue formular nada para além de tais propostas. Mesmo com a consciência de que o ato será um fracasso e nada alcançará, o mesmo é construído sob discursos fervorosos e otimistas. Por qual motivo? Por determinados partidos políticos quererem levantar suas bandeiras numa passeata. Mais nada, puro cinismo e pragmatismo político!

4. Os grupos políticos não conseguem formar uma unidade de ação por mais que um curto período

O movimento já começa rachado e cindido. A pauta só consome os meses de dezembro e janeiro e por ali mesmo desaparece. O desgaste subjetivo após reuniões e ações diretas é catalizado em altíssima velocidade.

Diante de tal situação, não me admira que o movimento – mais preocupado com egos do que com a luta em si – já nasça derrotado.


Para finalizar, de modo muito generalista, eu diria que apenas uma unidade entre os movimentos sindical e estudantil, que possa excluir a vaidade das forças políticas que nela se aglutinem, seria viável para formalizar esse processo de lutas.

As lutas, contudo, não devem existir simplesmente em períodos localizados, mas como um continuum, lançando em ampla circulação cartilhas, panfletos e materiais gráficos de agitação em geral, para esclarecerimento da população sobre a problemática do transporte coletivo da capital alagoana.

A partir desse trabalho de base (e somente depois dele!) é que uma nova conjuntura para atuação pode ser delineada. Dentro da atual conjuntura e de seus já conhecidos esquemas de atuação, estamos fadados a fracassar. E a história recente deixa um bom ensinamento sobre isso.

Post-Scriptum 1: As críticas são feitas por alguém que anda de ônibus e participou dos atos contra o aumento das passagens entre 2003 e 2006, construíndo o comitê que organizava as manifestações; e que ainda esteve presente na reunião de formação do atual comitê, no último dia 5 de janeiro.

Post-Scriptum 2: Na última tabela, com os aumentos da tarifa e do salário mínimo, constam todos os reajustes desde que o Plano Real foi adotado na economia brasileira, em 30 de junho de 1994. Naquela data, o valor da passagem de ônibus em Maceió era de R$0,35 e o salário mínimo estava fixado em R$64,79. Em 1º de setembro de 1994 o salário mínimo foi reajustado em 8,04%, passando a ser de R$70,00.
Você tá cansado de só beijar em roda de beijos organizadas por você mesmo?

Só ver os outros pelados no carué (velocidade 10)?

Seus "probremas" acabaram! Em meu pouco tempo na UFAL consegui eleborar um manual feito estrategicamente para aquele sentimento prevalecer acima de qualquer discussão acerca de ter ou não outro dia para votação, ou se os pescadores realizam trabalho! As informações contidas abaixo são de extrema importância para os menos agraciados.

* Como puxar assunto em assembléias estudantis:

É eu sei, assembléias podem ser tão chatas quanto discutir com Mário Junior sobre efeito de álcool. Ao observar seu sonho de consumo (favor não virar consumista) tente se aproximar, fale da sua nova camisa vermelha com alguma frase revolucionária e faça uma abordagem critica com resgate histórico epistemológico sobre aquele filme do Almodóvar que voce provavelmente é chato o suficiente pra não gostar.

* Dialogando em espaços festivos:

Os espaços promovidos para gerar renda para o movimento também podem gerar amores, amores platônicos, amores-mútiplos e afins. Como sei que você não é nenhum tarado(assim espero) e quer uma amor para além do movimento, aproveite para xavecar enquanto escutar o "acabou chorare" pela quinta vez seguida, fale que quer socializar sua cama, que prefere a voz da pessoa do que meia dúzia de gritos de ordem, que não a troca por um cento de umbú orgânico vendidos na praça da faculdade e que o beijo entre vocês será mais suculento que que a amostra grátis de carne do almoço do RU (caso você seja vegetariano você provavelmente passa fome na UFAL e não tem nada a dizer). Caso isso não funcione tente arrumar algum(a) bêbada(o) menos seletiva(a) para promover a continuação da linhagem.

Espero encontra em breve comentários positivos acerca dos meus ensinamentos grandiosos.

Vão a práxis camaradas!

*A foto do post é um casal de bichos-grilos que leram esse texto e estão se amando.
Direito do Trabalho, pra quê te quero?
12:25 | Author: Eli Magalhães
Recentemente é possível notar um verdadeiro revival do debate acerca da flexibilização das leis trabalhistas. Neste momento pós-deflagração da crise econômica o primeiro a pôr em cena mais concretamente esta possibilidade foi Roger Agnelli, presidente da Vale do Rio Doce, que, em 14 de dezembro do ano passado, declarou que estaríamos vivendo uma situação de exceção, logo, precisaríamos de medidas de exceção: a flexibilização das leis trabalhistas.

O discurso da flexibilização, no entanto, não é nada novo. Tanto no Brasil, quanto no mundo, ele passa estar na agenda dos governos que assumiram a tarefa de destruir o Estado Social a partir do início da década de 1970. A queda da taxa de lucros que atingiu a economia durante este período forçou o Estado a adotar a política neo-liberal, que procurou adaptá-lo às necessidades de acumulação de capital em meio a um mercado precarizado e flexível. Nas terras Tupiniquins o primeiro ataque mais frontal ao Direito do Trabalho foi realizado por FHC quando o congresso tentou aprovar o projeto que tornava o contratado mais válido do que o legislado em relação ao emprego.

Acontece que, frente a um mercado evidentemente finito, o setor produtivo não pode mais operar no antigo modelo fordista/taylorista de produção em massa. A sua própria atividade vai depender da absorção de seus produtos por este mercado. Logo, a atual estratégia de produção leva em consideração uma dosagem mais acurada de sua quantidade e qualidade. Para tanto, os custos de produção precisam ser tão flexíveis quanto elas. Então, a mão-de-obra, que se encontra entre os principais custos, não pode fazer parte de um cáculo rígido. Ela precisa ser dispensável no momento em que a atividade do setor seja excessiva em relação à capacidade de absorção do mercado.

O problema é que a mão-de-obra é feita de pessoas. Salvo este pequeno detalhe, tudo estaria de acordo com os planos neo-liberais. Flexibilizar os custos de pessoal significa, justamente, flexibilizar os direitos trabalhistas. No Brasil, por exemplo, o custo social de um trabalhador é relativamente alto, se comparado a outros países (no entanto, é bastante baixo se comparado ao lucro das empresas). A demissão de um trabalhador brasileiro custa ao patrão, pelo menos, 40% do FGTS, o aviso prévio e demais verbas recisórias. Isto torna uma demissão não tão simples quanto os empresários gostariam.

A cantilena da flexibilização trabalhista se vale, em geral, de dois argumentos. O primeiro é o de que, com a redução de direitos e a consequente redução dos custos com o trabalhador, aumentariam os postos de trabalho. Uma doce ilusão que o empresariado tenta passar aos trabalhadores. Em nenhum local em que houve retirada de direitos a taxa de desemprego foi reduzida substancialmente. Muito pelo contrário, além de aumentar o trabalho precarizado, o comum é que as demissões e fechamentos de postos de trabalho continuem. Reduzir a jornada de trabalho para forçar uma maior contratação é algo completamente fora de cogitação para os empresários, claro.

O segundo argumento é encontrado em uma distinção, quase cômica, entre flexibilização e desregulamentação. Segundo os defensores da flexibilização, a desregulamentação sim é que deve ser evitada. Uma total falta de leis que se voltem à relação de emprego não pode ser defendida. No entanto, dos mais moderados aos mais radicais defensores da retirada de direitos encontra-se um ponto em comum: a necessidade de o contratado valer mais do que o legislado. Ou seja, a lei continuará garantindo os direitos dos trabalhadores a 13º salário, férias, licença maternidade etc., porém, o contrato firmado entre empregado e empregador pode afastar todos estes direitos. No fim das contas, o patrão coloca-se em um posto de decisão muito mais confortável do que o empregado que necessita do salário no fim do mês. Flexibilização e desregulamentação acabam tornando-se sinônimos.

Em tempos de crise, o governo brasileiro tem despejado bilhões de reais no sistema financeiro buscando criar um sistema de crédito sustentável. Só no último dia 23, foi feita uma remessa de R$ 100 Bilhões de reais ao BNDES, para ser destinado ao financiamento de iniciativas empresariais. Apesar do fato de que os contratos de financiamento exigem metas de abertura de postos de trabalho, não há nenhuma penalidade prevista para o caso de elas não serem alcançadas. O que quer dizer: nenhuma garantia de novos empregos pode ser esperada a partir daí. Não é surpreendente que o Estado seja solidário ao Capital em tempos de crise. Surpreendente será se todo o discurso de flexibilização dos direitos dos trabalhadores não render frutos, afinal, a reforma trabalhista vem sendo prometida pelo PT desde o primeiro mandato.

Quanto a Roger Agnelli e a Vale do Rio Doce, apenas pequenas curiosidades: o último repasse aos acionistas da empresa totalizou R$ 2,5 Bilhões. Nada mal para o segundo maior complexo de mineração do planeta que, desde seu leilão à iniciativa privada, aumentou em 40 vezes o seu patrimônio. Ainda assim, os custos trabalhistas foram a razão dada pela empresa para a demissão de 1300 trabalhadores no fim do último ano, bem como para a licença remunerada que reduz à metade os salários e afasta os empregados do serviço. A pergunta que fica no ar é: O que será mais caro, os direitos dos trabalhadores ou lucro dos acionistas?

A resposta é clara: ê-lê-lê.

Não me contive
15:28 | Author: Fabiano
Ontem depois de mais uma madrugada insone, conversando com Mário, ele me mostrou o texto do Victor, na Gazeta, e disse: "leia também os comentários". Um dos comentários é bem legal, parece piada pronta, mas não é, e outro é... bom deixa pra lá. O João Paulo em um texto também muito bom falando sobre uma experiência que ele teve. Dizia que o que o homem falava "não era mais que a repetição da propaganda da turma do Tio Sam", no caso dos comentários que eu me dirijo agora junto a essa receita, uma propaganda pró-Sionismo (veja que não é pró-Judeus), que a gente aceita a décadas, e por isso mesmo se engana...

Mas, vamos aos cometários, ei-los:
"Apesar de não concordar com a morte de inocentes, vejo que o autor da matéria, ou desconhece a história da ocupação da terra de Israel, ou é extremamente tendencioso. Na verdade a cidade de Jerusalém foi fundada por Davi, rei dos judeus,que expulsos da sua pátria, lutaram para tê-la de volta." Gilma

"fico boba de saber que pessoas de boa formação como a de vocês, usam suas profissões para aumentar ainda mais o ódio e a repulsa contra israel." Cilmara

Sobre o primeiro:
Segundo a Gilma "o autor da matéria, ou desconhece a história da ocupação da terra de Israel, ou é extremamente tendencioso."

A primeira coisa é que, tenho certeza de que o Victor foi tendencioso, pelo simples fato de não acreditar em NEUTRALIDADE.

Mas sobre a História de Israel, tenho muita certeza que de que a autora do cometário a desconhece por completo.

Mesmo que eu utilize aqui a Bíblia como um documento histórico confiável, mesmo não levando em consideração que a simples existência de Davi, nunca foi comprovada pela ciência, desconsiderando todos esses aspectos, não da pra acreditar que uma criatura venha ainda no século XXI dizer que "Na verdade a cidade de Jerusalém foi fundada por Davi, rei dos judeus, que expulsos da sua pátria, lutaram para tê-la de volta."

Olha sobre a Origem do povo Judeu, se for levar em conta o Primeiro filho de Deus, Abraão, na verdade nasce em Ur, cidade essa que existe em Território Iraquiano, e não em território Israelense, vejamos alguns versículos bíblicos:

Gênesis 11:31
E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali.

Gênesis 15:7
Disse-lhe mais: Eu sou o SENHOR, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la.

Neemias 9:7
Tu és o SENHOR, o Deus, que elegeste a Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão.

Sobre o fato de Davi ter fundado Jesrusalém:
Josué 15:63
Não puderam, porém, os filhos de Judá expulsar os jebuseus que habitavam em Jerusalém; assim habitaram os jebuseus com os filhos de Judá em Jerusalém, até ao dia de hoje.

Sobre a conquista da terra prometida:
Gênesis 31:18
E levou todo o seu gado, e todos os seus bens, que havia adquirido, o gado que possuía, que alcançara em Padã-Arã, para ir a Isaque, seu pai, à terra de Canaã.

Números 34:2
Dá ordem aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando entrardes na terra de Canaã, esta há de ser a terra que vos cairá em herança; a terra de Canaã, segundo os seus termos.

O texto de Josué mostra claramente que a cidade ja existia, bem como ja existia povos como os jebuseus, na tão sonhada terra prometida Canaã, e que, por tanto, quem são os invasores são os Judeus que chegam ali com a única autoridade, que vinha dos céus, e não de quem já habitava aquelas terras.

Na verdade, Deus sempre foi invocado, para os Judeus acreditarem que de fato aquela terra lhes pertencia, como por exemplo nessa passagem: "Disse-lhe mais: Eu sou o SENHOR, que te tirei de Ur dos caldeus, para dar-te a ti esta terra, para herdá-la." Herdar de quem???? de Deus? isso sim que é piada pronta.

Antes que me julguem de ser anti-semita, vou tratar de comentar a segunda pérola, desculpem, comentário:

"fico boba de saber que pessoas de boa formação como a de vocês, usam suas profissões para aumentar ainda mais o ódio e a repulsa contra israel."

A primeira coisa a ser falada é que nesse momento eu tenho ódio de Israel sim, da mesma forma que eu tenho ódio dos EUA, que ja mataram milhares de trabalhadores inocentes, mas antes de tudo não confudir meu ódio ao Estado de Israel e dos EUA, com ódio contra os judeus e estadunidenses. São coisas COMPLETAMENTE diferentes.

Sou partidário do fim do Estado de Israel, e não da criação de um outro Estado, o Palestino. Isso simplesmente não resolveria o Problema. A criação de um Estado Laico onde convivam pacificamente Palestinos e Judeus, só lembrando o livrode Josué mais uma vez: "Não puderam, porém, os filhos de Judá expulsar os jebuseus que habitavam em Jerusalém; assim habitaram os jebuseus com os filhos de Judá em Jerusalém, até ao dia de hoje."

Essa a questão, o Estado de Israel não é algo que sempre existiu, ele foi imposto ali depois da segunda guerra... E desde então os Judeus, tem sido os algozes do Povo Palestino, tanto quanto a Alemanha Nazista de Hitler foi do povo Judeu.

Só a mobilização dos trabalhadores do mundo poderá fazer o imperialismo sofrer essa derrota que seria perder o seu maior aliado em terras do Oriente Médio, somente com os Trabalhadores Judeus, Palestinos, Brasileiros, Estadunidenses etc, se mobilizando pelo fim do Estado de Israel, pela criação de uma Estado Laico e Democrático onde convivam em paz Judeus e Palestinos, veremos finalmente a possibilidade de ter paz naquela região!
Sobre Obama e o Mundo!
11:39 | Author: Fabiano
Na esteira do texto do Mário logo abaixo, posto aqui uma breve reflexão sobre o efeito causado pela eleição de Obama, em uma série de setores da classe trabalhadora em escala internacional, como não deveria deixar de ser, pela importância que tem um presidente estadunidense.

Os EUA, logo após a queda do Muro de Berlim e o decreto do "fim da história", pelo Fukuyama, passa hegemonizar o mundo militar, cultural, politica e economicamente. O fato de as ditaduras das burocracias stalinistas, terem levado o mundo do socialismo(indevidamente nomeado de real) ao retrocesso histórico da restauração capitalista em todos os Estados que estavam em transição ao socialismo, faz com que exista um "vendaval oportunista"[1] que varre toda a esquerda mundial, nas palavras de Martín Hernandez:

"A partir desses acontecimentos, uma enorme confusão, que se mantém até hoje, atingiu o conjunto da esquerda mundial. Por um lado, a restauração do capitalismo e, por outro, a brutal campanha ideológica do imperialismo, tratando de mostrar a superioridade do capitalismo sobre o socialismo, provocaram um profundo impacto em toda a esquerda e toda a vanguarda mundial. Uma boa parte da esquerda chegou à conclusão de que o capitalismo havia demonstrado sua superioridade. Outra parte, possivelmente a maioria, de que o socialismo não passava de uma bela utopia. Entre eles, germinou com muita força a idéia de que o leninismo havia dado origem ao stalinismo, que os partidos revolucionários eram coisa do passado, assim como a revolução socialista e a tomada do poder pelos trabalhadores."[2]

É fato que a classe operária, o proletariado mundial, já tinham sofridos várias traições durante toda a história do capitalismo, a capitulação da II Internacional frente às suas burguesias nacionais na 1ª Guerra e a consequente ruptura com o Marxismo, a III Internacional e sua política ultra-esquerdista irreponsável que faz com que a partir da derrota do proletariado alemão, faça com que o proletariado internacional sofra uma das suas maiores derrotas, a partir da ascensão do Nazismo, sem luta nenhuma, daquele que foi o maior partido revolucionário mundial, que já foi construído pela classe operária, jogou uma pá de cal no mesmo. A partir dos anos 30, existe uma reviravolta e "comunistas" e social-democratas andam juntos com diversos partidos da burguesia, conformando assim as famosas Frentes Popular, ampliando assim as ilusões dos trabalhadores na pretensa democracia da burguesia, e levando vários processos revolucionários à derrotas históricas.

Nos anos 90, com o "vendaval oportunista", diversos setores que haviam sobrevivido à essas traições, passam a negar todo o seu passado de lutas e de militância revolucionária, semeando mais confusão, o Capitalismo passa a reinar sozinho, tendo à Frente o Imperialismo estadunidense à frente e os imperialismos Europeu e Japonês como fiéis escudeiros de sua política, e uma esquerda cada vez mais rendida às benesses do Estado Burguês e envolta num mar de ilusões, abandonando as perspectivas de transformação revolucionária da sociedade.

Toda essa reinação(guerras, imposições de políticas econômicas desastrosas a países menores, etc) do imperialismo yankee, faz com que os níveis de popularidade dos EUA cheguem aos níveis mais baixos em toda a sua história, chegando ao ápice do declínio no segundo governo Bush, que sai do governo quase levando uma bela duma sapatada na cara e sendo uma dos presidentes mais impopulares da história dos EUA(apesar de ter sido eleito e reeleito).

Tudo isso leva ao imperialismo estadunidense à uma necessidade cada vez maior de reciclar a sua imagem frente às massas mundiais, somente dessa forma seria possível manter a dominação Geopolítica dos EUA, frente ao resto do mundo, ainda mais quando uma crise cíclica do capital se inicia, com indícios de ser uma das piores ja sofridas pelo capitalismo, e que se inicia exatamente no coração do imperialismo, os próprios Estados Unidos.

A eleição do primeiro presidente negro da história dos EUA não é fruto do acaso, assim como não é fruto do acaso um ex-operário chegar à presidência no Brasil, ou um índio chegar à presidência da Bolívia, tudo isso é necessário pra a manutenção da exploração e da dominação do imperialismo e da burguesia internacional.

A consciência anti-imperialista construída na Era-Bush, começa a ser destruída desde a eleição do Obama, diversos setores saúdam como um avanço, mas só discordando de leve do Mário no seu texto, eu creio que o mais do mesmo já está sendo feito, não precisamos esperar 4 ou 8 anos para isso, a propria frase que citada, e o fato de Obama pertencer ao Partido Democrata, me faz crer que não se pode ter perspectiva de mudança(e eu sei que o Mário não têm, como ele deixa bem claro) alguma, seria algo como... diante de uma divergência entre o PSDB e o PFL, esperar que o PSDB fizesse as grandes tranformações.

Ao mesmo tempo, sabemos que não podemos lidar com esse governo, como se tratou o Bush, incorrer num erro sectário e ultra-esquerdista, pode nos isolar ainda mais do conjunto dos trabalhadores, que olham pra Obama e confiam que verdadeiramente ele vai fazer as mudanças que o mundo precisa.

Estamos diante de um momento crucial para a vida de centenas de milhares de trabalhadores, que já estão perdendo os seus empregos em todo o mundo, capitular ao Obama, é fazer com que a classe operária sofra mais uma derrota histórica e mais uma traição da parte de quem ela mais confia... a sua direção!

Notas:
[1]http://www.pstu.org.br/jornal_materia.asp?id=1987&ida=7
[2] http://www.pstu.org.br/autor_materia.asp?id=3866&ida=7
Bush, Obama e Israel x Palestina
04:20 | Author: Mário Júnior
“Nós entendemos que Israel tem o direito de se defender pois nesses últimos anos o Hamas lançou diversos foguetes na região. Porém, os Estados Unidos estão comprometidos com a criação de dois Estados onde palestinos e israelenses poderão conviver juntos”
Barack Obama, 22 de janeiro de 2009

Mas antes disso, Obama – como bom estrategista que é! – disse que “a melhor defesa é o ataque”. Só depois falou que Israel poderia “se defender”...

Afora a piada, declaração no mínimo filha da puta essa do Obama. Israel está se defendendo do quê? De foguetes de fundo de quintal que não adentram sequer quatro quilômetros em seu território e em um ano, após cerca de 400 serem lançados, terem matado seis pessoas?

Se for por isso, a ofensiva que lançou entre dezembro e janeiro foi mais do que desproporcional. Em 22 dias deixou cerca de 1.300 mortos. E é claro: ela não veio por conta dos foguetes do Hamas, mas sim para reafirmar o seu domínio militar na região e aproveitar os últimos dias do governo Bush.

Mas pelo segundo motivo, nem precisava a pressa para tal intervenção. Obama, com tais declarações, dá todos os sinais de que vai continuar apoiando (e armando!) o estado de Israel.

Quando o novo Presidente dos Estados Unidos diz que “está comprometido com a criação de dois Estados” ele está dando seguimento à política de desapropriação do território do povo palestino e cessão do mesmo ao estado de Israel, continuando o saque territorial que começou pós-Segunda Guerra Mundial. Dessa forma, ele delimita bem com o que se compromete: com o sionismo!

Desde que derrotou Hillary Clinton, Obama virou pop-star, símbolo de mudança, de novo tempo, de que o sonho de Martin Luther King se consolidou etc. Em quatro (ou oito) anos, todos verão que foi apenas mais-do-mesmo, uma fraude, um charlatanismo eleitoral. Obama está para Bush como Lula está para FHC: ambos são personificações do neoliberalismo!

Mas não são apenas os governantes que se viciaram no corolário conservador/liberal, sejam estes vindos da direita tradicional ou de oposições de centro e de esquerda. Parte considerável da população – após anos de adestramento com telejornais tendenciosos e telenovelas que fetichizam a realidade; e da falta/escassez do acesso a uma educação elucidadora e desveladora – passou a reproduzir argumentos próximos ao fascismo em suas emissões opinativas.

Para ver isso, nem precisa ir tão longe e procurar a aceitação do público ao Capitão Nascimento do filme Tropa de Elite. Aqui em Alagoas, o estudante de jornalismo Victor Guerra, estagiário do portal Gazetaweb, publicou no site um excelente texto sobre o conflito Israel x Palestina. Ele mapeou diversas informações, entrevistou um bom historiador, fez uma montagem didática e coerente do conteúdo. Uma reportagem, de fato, difícil de imaginar presente nos meios de comunicação de massa da família Collor.

E qual foi a reação/recepção do público leitor ao conteúdo?

Acusaram-no de “defender os terroristas do Hamas”, apresentar uma “visão distorcida para incriminar Israel”, de “fletar com os terroristas”, “desconhecer a história de que Jerusalém foi fundada por Davi, Rei dos Judeus”, “usar o jornalismo para aumentar ainda mais o ódio e a repulsa contra Israel”... Sem dúvida, coisas torpes, malucas, tristes de se ler, mas que – infelizmente – não foram piadas.

E eis que aqui está o meu primeiro texto no Mangue Wireless! Saudações.
Recomendações gerais e adesões
12:34 | Author: Mário Júnior
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Ao postar seu primeiro texto, o colaborador deve criar um marcador com seu nome e sobrenome, conforme os seguintes exemplos:
- Textos da Maria Silva
- Textos do José Ferreira

Esse marcador deverá ser utilizado pelo referido colaborador em todas as suas demais postagens, como forma de melhor identificar a autoria da mesma. Outras marcações podem – e devem! – ser utilizadas e/ou criadas, de acordo com os temas abordados na postagem. Cabe, porém, o cuidado e a atenção de cada um para não se criar marcadores similares desnecessariamente. Por exemplo: Economia e Econômico; Movimento Sindical e Sindicalismo; Esporte e Desporto; Paquera e Pegação; dentre outros.

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Manifesto Editorial!
09:14 | Author: Eli Magalhães
Em 1969 o Departamento de Defesa dos Estados Unidos consegue criar e pôr em prática o projeto que ficou conhecido como ARPANET. Aquilo consistia numa maneira rápida e eficiente do envio de dados e informações necessárias entre bases militares. Ao mesmo tempo, era uma forma de armazenamento segura destas informações que eram passadas em forma de “pacotes” para outros computadores, o que reduzia as chances delas serem destruídas em um eventual ataque.

As bases militares americanas não sofreram ataques suficientemente fortes para testar este sistema de defesa inusitado. Porém, o exército dos Estados Unidos pôde comprovar que sua forma de defesa de informações funcionava quando, curiosamente, os iraquianos copiaram o modelo e utilizaram contra os EUA na Guerra do Golfo, em 1991.

O sistema foi tão aclamado que começou a ser utilizado por Universidades norte-americanas para fins de armazenamento e compartilhamento de dados obtidos através de suas pesquisas. A ARPANET, no entanto, não era suficiente para tanta informação. Nem era seguro, para o Estado americano, ter universitários tão próximos assim de suas informações confidenciais. Então criou-se a MILNET, que ficou em mão dos militares, enquanto a antiga rede passou a servir os fins civis. Em 1983 o protocolo da ARPANET deixa de ser NCP e passa a ser TCP/IP e ela passa a estar mais próxima do que nós conhecemos hoje por INTERNET. A partir de 1989 a linguagem HTML começa a ser desenvolvida e as primeiras páginas a surgir na rede, que se difunde como praga a partir da década de 1990.

Agora dizem por aí que a internet é essa coisa fantástica, capaz de fazer com que as pessoas comuniquem qualquer coisa, com qualquer um, em qualquer lugar e de qualquer lugar. É hora de testarmos isso mais consequentemente. E nada melhor do que fazê-lo de um manguezal, localizado no litoral de Alagoas, Brasil.

O Mangue Wireless é um projeto de página, no formato de Blog, que visa a construção de um espaço de debates e polêmicas acerca da realidade cotidiana desta vida em que, vez ou outra, a lama sobe até a altura dos nossos joelhos ou mais. De uma maneira geral, esta página toma como responsabilidade sua a construção de reflexões sobre o que anda acontecendo com o mundo, fora e dentro do mangue. Na verdade, somos até da opinião de que fora do mangue é possível encontrar mais lama do que dentro.

São em tempos como estes que vemos a necessidade de mergulharmos nossas mãos bem fundo na lama. Por baixo dela deve haver alguma explicação para o fato de que ela esteja tão espalhada ultimamente. Tudo indica que temos mais a ganhar do que perder com isso. E é preciso ter consciência de que duas mãos não são suficientes para tamanho trabalho. Daí a necessidade de construir este blog coletivo.

Alimentemos nossos debates, polêmicas, discussões, richas, conversas de mesa de bar etc. Mas façamos isso, apenas, no sentido de cultivar um objetivo sincero: o de conservar a lama só no Mangue! Ao mesmo tempo, precisamos ir quebrando esta crosta bruta que soterra nosso dia-a-dia, formada por aquela outra lama mais suja, mais fétida e mais difícil de lavar.

Boas-vindas ao Mangue Wireless!